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Fawning: Quando agradar se torna um mecanismo de sobrevivência

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Nem sempre o nosso “sim” vem de um lugar autêntico. Por vezes, nasce como uma tentativa automática e inconsciente de garantir segurança. Quando o sistema nervoso detecta ameaça, especialmente nas relações, pode escolher não lutar, não fugir, não congelar… mas agradar.


Essa resposta é conhecida como fawning: um padrão instintivo de superadaptação, submissão relacional e apaziguamento. Ao agradar, o corpo tenta manter o vínculo seguro, mesmo que isso custe os próprios limites, a verdade interior e o bem-estar.


De onde vem o fawning?

Este comportamento, muitas vezes invisível até para quem o vive, é profundamente enraizado em experiências precoces de abandono, negligência emocional ou medo. É comum em pessoas que foram a “criança boazinha”, que não causava problemas e fazia de tudo para não ser rejeitada.


Foi assim que o corpo aprendeu: "Se eu agradar, serei amada. Se eu for perfeita, não serei abandonada."


A dificuldade em dizer “não” está intimamente ligada ao medo de ser rejeitada, julgada ou atacada. O corpo aprendeu que, para sobreviver, precisava ser agradável, flexível, sempre disponível, mesmo que isso o deixasse esgotado, contrariado ou invisível.



Como o fawning se manifesta?

No corpo:

  • Sorriso congelado ou tensão facial;

  • Voz hesitante, quase infantil;

  • Postura colapsada ou contida;

  • Sensação de dissociação leve (ausência de si);

  • Incapacidade de dizer “não”.


No comportamento:

  • Dizer “sim” quando queria dizer “não”;

  • Desculpar comportamentos abusivos;

  • Evitar expressar emoções ou opiniões;

  • Priorizar as necessidades dos outros;

  • Sentir culpa por cuidar de si ou estabelecer limites.


O caminho da soberania somática

Transcender o fawning não significa deixar de ser gentil. Significa deixar de viver a gentileza como estratégia de sobrevivência.


É um processo de reaprendizagem relacional e somática, onde o corpo volta a confiar que pode existir, expressar-se e pertencer sem precisar apagar-se.


Começa com perguntas simples:

  • Este “sim” é um sim de desejo ou um sim de medo?

  • O meu corpo sente expansão ou contração?

  • Posso dizer “não” e ainda assim ser digna de amor e pertença?


Para recuperares a tua autenticidade, começa por reconhecer e cuidar deste padrão, para que tu te tornes capaz de estabeleceres limites claros e respeitosos; honrares as tuas próprias emoções e necessidades; cultivares vínculos mais saudáveis e verdadeiros e reaprenderes a dizer “não” sem culpa e “sim” com verdade.


“Fawning é a quarta resposta ao trauma, ao lado de lutar, fugir e congelar.” — Pete Walker, Complex PTSD: From Surviving to Thriving


Aceitas criar um novo  relacionamento mais consciente com o teu corpo, a tua verdade, a tua soberania? Este é um convite à gentileza radical contigo mesma para saíres do automatismo e experimentares uma forma de viver mais plena.

 
 
 

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